sábado, 31 de outubro de 2009

Células sintéticas são usadas para formar dispositivos eletrônicos


Cientistas ingleses e norte-americanos, trabalhando conjuntamente, demonstraram a possibilidade de utilizar "células sintéticas", ou protocélulas, como dispositivos eletrônicos, abrindo caminho para a construção de interfaces entre equipamentos eletrônicos, como próteses e implantes, e os tecidos biológicos onde eles são implantados.

"Células sintéticas"
O termo "célula sintética" necessita das aspas porque as protocélulas nada mais são do que um fluido envolto por uma membrana oleosa, sem qualquer proteína e nem qualquer outro mecanismo de funcionamento que a faça aproximar-se de uma célula viva.
Contudo, mesmo tão simples, a equipe do professor Hagan Bayley demonstrou que as protocélulas podem funcionar conjuntamente, resultando em um dispositivo que é bem mais complexo do que as protocélulas individuais.

Conversor AC/DC quase-biológico
Os pesquisadores demonstraram o funcionamento do circuito sintético-biológico construindo um conversor AC/DC, um dispositivo que converte corrente alternada, como a eletricidade disponível nas tomadas domésticas, em corrente contínua, como a eletricidade usada pelos equipamentos eletrônicos portáteis.
Num ambiente aquoso, em que podem circular sem atrito, as protocélulas unem-se, podendo funcionar como uma espécie de Lego líquido, com a vantagem de que as peças se encontram sozinhas. Quando entram em contato umas com as outras, suas membranas se tocam, formando uma membrana dupla.

Funcionamento do circuito biológico-sintético
Para fazer com que as protocélulas troquem sinais elétricos entre si, passando a funcionar como um dispositivo eletrônico, os pesquisadores usaram uma toxina bacteriana que causa infecções em mamíferos. A toxina faz furos microscópicos na membrana das células sintéticas, da mesma forma que faz nas células biológicas vivas.
Quando eletrodos são conectados a um conjunto de protocélulas reunidas, fornecendo-lhes energia, os poros permitem que átomos carregados eletricamente fluam de uma protocélula para outra.
Como o furo na membrana dupla somente se mantém enquanto há um fluxo iônico, torna-se possível fazer o sistema funcionar como um dispositivo eletrônico, da mesma forma que um transístor chaveia continuamente entre os estados ligado e desligado.
"Se você conectar a bateria, a corrente irá fluir, mas se você desligá-la a corrente pára instantaneamente - as protocélulas passam a funcionar como se fossem um diodo semicondutor," explica Bayley.
Quatro protocélulas juntas, formando um quadrado de duas por duas, devidamente controladas pelo fluxo de corrente, funcionam como um retificador, capaz de transformar corrente alternada em corrente contínua, um dispositivo muito simples, mas presente em virtualmente todos os equipamentos eletrônicos.

Interface entre biológico e eletrônico
A própria conexão entre as protocélulas e os eletrodos já demonstra uma interface entre biológico e eletrônico. Mesmo sendo apenas uma prova de conceito, sem utilização prática imediata, o experimento aponta para a possibilidade concreta de se construir essas conexões em maior escala, conectando dispositivos biônicos ou robóticos a organismos vivos.
Os conjuntos de protocélulas também poderão ser usados como suporte e guia para o crescimento de tecidos biológicos, um dos maiores problemas com que se depara a biologia atual, principalmente nas pesquisas com células-tronco - nas experiências de laboratório, as células reproduzem-se de forma anômala, sem a organização necessária para a formação de tecidos e órgãos artificiais.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Alterações fisiológicas durante a gravidez

A gravidez provoca muitas alterações em todo o corpo, a maioria das quais desaparecem depois do parto.

Coração e circulação
Durante a gravidez, a quantidade de sangue bombeada pelo coração por minuto (consumo cardíaco ou volume minuto) aumenta entre 30 % e 50 %. Este aumento começa aproximadamente na 6.ª semana e atinge o seu ponto máximo entre as 16.ª e 28.ª semanas, geralmente na 24.ª semana. À medida que o bombeamento do coração aumenta, a frequência cardíaca em repouso acelera-se das 70 pulsações por minuto, normais, para as 80 ou 90 pulsações por minuto. Depois da 30.ª semana, pode diminuir ligeiramente, devido ao facto de o crescimento do útero comprimir as veias que devolvem o sangue das pernas até ao coração. Durante o parto, no entanto, o bombear do coração aumenta 30 % e, depois do parto, diminui com rapidez ao princípio, até chegar a entre 15 % e 25 % acima do nível anterior à gestação e depois mais lentamente até que volta ao nível normal anterior à gravidez (umas 6 semanas depois do parto).
O aumento do bombeamento do coração durante a gravidez deve-se, provavelmente, às alterações que se verificam no fornecimento do sangue ao útero. À medida que o feto cresce, mais sangue chega ao útero da mãe. No fim da gravidez, o útero recebe uma quinta parte de todo o volume sanguíneo da mãe.
Durante a realização de um exercício físico, o bombeamento do coração, a frequência cardíaca e o consumo de oxigénio aumentam mais nas mulheres grávidas do que nas que não o estão. Além disso, as radiografias e os electrocardiogramas põem em evidência determinadas alterações no coração e podem aparecer sopros e irregularidades do ritmo cardíaco. Todas estas alterações são normais durante a gravidez, mas algumas anomalias do ritmo cardíaco podem requerer tratamento.
A pressão arterial costuma diminuir durante o segundo trimestre, mas pode voltar aos níveis normais no terceiro.
O volume de sangue aumenta 50 % durante a gravidez, mas o número de glóbulos vermelhos, que são as células encarregues de transportar o oxigénio para todo o organismo, só aumenta entre 25 % e 30 %. Por motivos desconhecidos, o número de glóbulos brancos, que são as células que combatem as infecções, aumenta ligeiramente durante a gravidez e, de forma notória, durante o parto e nos dias imediatamente posteriores ao mesmo.


Rins
Tal como a do coração, a actividade dos rins aumenta em grande medida durante toda a gravidez. Os rins têm que filtrar um volume de sangue cada vez maior (entre 30 % e 50 % mais), até atingir um máximo entre 16.ª e a 24.ª semanas, que se mantém até antes do parto, momento em que a pressão exercida pelo útero dilatado pode diminuir ligeiramente a chegada de sangue aos rins.
A actividade renal normalmente aumenta quando uma pessoa se deita e reduz-se quando está de pé. Esta diferença acentua-se durante a gravidez (isto explica, em parte, que a mulher grávida tenha necessidade de urinar quando tenta dormir). No último trimestre da gravidez, o aumento da actividade renal é ainda maior quando se deita de lado. Nesta posição, a pressão que o útero exerce sobre as veias que irrigam as pernas diminui e, portanto, aumenta o fluxo sanguíneo e aumenta a actividade dos rins e o bombeamento do coração.

Pulmões
Durante a gravidez, o espaço que o útero progressivamente ocupam, e a maior produção hormonal de progesterona provocam alterações no funcionamento dos pulmões. Uma mulher grávida respira mais rápida e profundamente porque precisa de mais oxigénio para ela e para o feto. O diâmetro torácico da mulher aumenta ligeiramente. O revestimento interno do aparelho respiratório recebe mais sangue e produz-se um certo grau de congestão. Por vezes, o nariz e a garganta obstruem-se de forma parcial devido a essa congestão e, por isso, a mulher em certos momentos sente o nariz tapado e as trompas de Eustáquio (que são os tubos que ligam o ouvido médio à parte posterior do nariz) bloqueadas. O tom e a qualidade da voz podem mudar de forma subtil. Praticamente todas as mulheres grávidas têm a sensação de falta de ar quando fazem algum esforço, em especial para o final da gravidez.

Sistema digestivo
À medida que a gravidez avança, a pressão que o útero exerce sobre o recto e sobre a parte inferior do intestino pode provocar obstipação. Tal obstipação pode ser agravada porque as contracções musculares involuntárias que se produzem no intestino para deslocar os alimentos se tornam mais lentas devido aos elevados valores de progesterona presentes durante a gravidez. Com frequência aparecem acidez e eructações, possivelmente devido ao facto de os alimentos permanecerem mais tempo no estômago e porque o esfíncter (um músculo em forma de anel que se encontra na extremidade inferior do esófago) tende a relaxar-se, permitindo o refluxo do conteúdo do estômago para o esófago.

http://ebsco.smartimagebase.com/imagescooked/27780W.jpg

Parto Normal: a expulsão do bebê ocorre somente com a pressão que as paredes do útero exercem sobre o mesmo. Normalmente, em um parto normal, é realizada a episiotomia, que consiste em um corte cirúrgico feito na região perineal para auxiliar a saída do bebê e evitar rotura dos tecidos perineais. A sutura é feita imediatamente após o parto, cicatrizando em poucos dias. Na maior parte dos casos, é necessário dar alguma anestesia para diminuir as dores e garantir a segurança da mãe e do bebê.

http://www.anjosemergencia.com.br/ws/artigos_det.asp?Id=5

domingo, 25 de outubro de 2009

Consumo de energia no corpo humano

O consumo de energia por uma pessoa adulta– na forma de alimentos –é de aproximadamente 2.500 kcal[i] por dia[ii]. Uma pessoa que pratique atletismo, outro esporte exigente, ou faça trabalho pesado deve consumir bem mais do que isso: umas 4 horas de atividade pesada por dia, como natação, trabalho na agricultura, ou alpinismo pode fazer com que uma pessoa precise comer duas vezes mais do que comeria na ausência dessas atividades. Já crianças ou pessoas de idade avançada e com pouca atividade física consomem bem menos. Em geral, mulheres consomem um pouco menos de energia do que homens. Entretanto, lactantes e grávidas podem precisar de alguma coisa como 300 kcal a 500 kcal a mais por dia para que possam dar conta das exigências adicionais a que estão submetidas. O valor “usual” de 2500 kcal/dia é bastante típico para grande parte dos adultos em atividades também “usuais”.
Essa energia é usada para manter nosso organismo em funcionamento, como coração, pulmões e os demais órgãos internos, e também para fornecer alguma capacidade de trabalho externo que é feito durante praticamente todo o dia. Em condições de repouso, cerca de 30% da energia é consumida pelos músculos esqueléticos e praticamente outro tanto é consumida pelos órgãos abdominais. Em repouso o cérebro consome cerca de 20% e o coração 10% da energia total consumida pelo corpo.
É interessante verificar que nosso corpo tem uma eficiência relativamente alta quando faz trabalho mecânico, mas está longe se ser totalmente eficiente. Assim, apenas cerca da décima parte da energia consumida pelo coração corresponde à energia necessária para empurrar o sangue; o restante é gasto de energia que não se traduz em movimento mecânico de coisa alguma.
A energia que dispomos está armazenada nos músculos, no sangue e no fígado, na forma de glicogênio ou de glicose. Como a disponibilidade de energia é muito importante no desempenho de um atleta, há várias estratégias de alimentação que têm como objetivo encontrar um balanço adequado na alimentação que permita otimizar a disponibilidade e o armazenamento de energia no corpo.
Energia e potência

Às vezes, olhar uma mesma coisa de outro ponto de vista pode nos mostrar algo que, de outra forma, passaria desapercebida. Vamos aqui transformar a energia consumida pelo corpo em um dia em potência e, no caso, medida em watts (W)[iii].






Primeiro vamos transformar aquelas 2.500 kcal consumida durante todo o dia em joules (1j=4,18 cal):

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Para calcular a potência em W precisamos dividir essa energia pelo número de segundos em um dia:

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Aí está: produzimos e consumimos, em atividade normal, aproximadamente 120 W de potência, o equivalente ao consumo de eletricidade de uma lâmpada de uso caseiro. Se o coração é responsável pelo gasto de cerca de 10% da energia que consumimos, então ele consome cerca de 12 W; o cérebro, que nos “custa” 20% da energia, consome estão cerca de 24 W.
Se a potência média consumida é de 120 W, isso quer dizer que temos capacidade suficiente para manter uma lâmpada acesa, girando a manivela de um gerador de eletricidade, e conseguir iluminar uma sala em caso de falta de energia? Sim, mas por pouco tempo e apenas uma pessoa bem treinada consiga fazer isso por alguns minutos. Vamos fazer algumas contas para estimar a capacidade de produção de energia externa de uma pessoa.
Potência é trabalho por unidade de tempo. Vamos fazer alguns cálculos para determinar com que velocidade uma pessoa de 80 kg deve subir uma escada para que a potência mecânica dissipada pelo corpo seja de 100 W:



onde DE é a energia mecânica (variação da energia potencial do corpo) no intervalo de tempo Dt. Se aquela pessoa de 80 kg sobe uma altura Dx, então a variação de energia mecânica será , onde g é a aceleração gravitacional, que vamos aproximar por 10m/s2. Para que essa energia seja de 100j em um segundo (100 W), então a cada segundo ela deverá subir 0,15m, aproximadamente um degrau de escada por segundo. Nos primeiros segundos, será fácil. Muitos agüentarão fazer isso por 10 ou 20 minutos. Manter esse esforço por um tempo mais prolongado já depende de um razoável preparo físico. Assim, não é uma boa idéia trocar a conta de eletricidade por um gerador elétrico a ser acionado por um pedal ou uma manivela.


Energia nos alimentos

A energia que consumimos vem dos alimentos que ingerimos. Quando no rótulo de um determinado alimento está escrito alguma coisa do tipo “cada 100 g deste produto contém 400 kcal”, quer dizer que ao digerirmos esse alimento nosso organismo será capaz de produzir 400 kcal.
Se você souber do que é composto um alimento, é fácil calcular quanto de energia ele é capaz de nos oferecer. Por exemplo, um grama de carboidrato (o elemento energético contido no trigo, no arroz, na batata, no açúcar, etc) ou de proteína contém cerca de 4 kcal. Já um grama de gordura contém bem mais que isso, cerca de 9 kcal. Para conseguirmos as 2.500 kcal que gastamos durante o dia precisamos consumir cerca de 625 g de carboidrato ou a metade disso em gordura ou uma saudável (e de preferência apetitosa) mistura dessas coisas.
É fácil determinar a quantidade de energia contida em cada grama de um alimento: basta queimá-lo e medir o quanto de energia ele produziu. E para fazer isso basta medir o quanto uma certa quantidade de água, submetida à chama provocada pelo alimento ao se queimar, se aqueceu[iv].
É um pouco difícil queimar arroz ou feijão e aquecer água com a chama produzida. Para fazer isso você precisaria de uma atmosfera enriquecida em oxigênio. Com batata seria ainda mais difícil, porque a sua maior parte água e esta precisaria ser eliminada antes de queimar. Mas com amendoim, castanha de caju ou outra amêndoa bastante gordurosa a coisa se torna mais fácil. Acenda uma castanha de caju – isso mesmo, acenda segurando-a com uma pinça ou alicate – e, com a chama produzida, aqueça um pouco de água. Medindo a variação da temperatura da água depois que a castanha foi completamente queimada você pode determinar a quantidade de energia liberada. É essa mesma energia que a castanha nos fornece se for ingerida.


Eficiência mecânica do corpo humano

Quando estamos em repouso ou em um nível de atividade bem baixo, quase toda a energia que consumimos é usada para manter nosso organismo em funcionamento, que corresponde a uma potência de aproximadamente 80 W. Ou seja, quase nada é gasto como “trabalho externo”, ou seja, trabalho mecânico. No dia-a-dia precisamos de uns 120 W, para garantir o funcionamento normal do corpo e mais alguma energia para o trabalho mecânico que fazemos nas atividades usuais: andar, levantar e sentar, subir escadas, etc. Entretanto, quando corremos, nadamos, trabalhamos duro, etc, uma parte da energia que consumimos é usada para fazer um trabalho externo adicional: ao andarmos temos que fazer nosso corpo subir contra a aceleração da gravidade; ao nadarmos temos que empurrar a água que está à nossa frente; se corremos, temos que empurrar o ar que está à nossa frente e ainda elevar nosso corpo a cada passo que damos; se transportamos tijolos escada acima o trabalho mecânico é transformado em energia potencial dos tijolos. Que parte da energia química que conseguimos dos alimentos pode ser transformada em energia mecânica? Ou, em outras palavras, qual a eficiência do corpo humana para realizar trabalho?
Isso depende do nível de atividade, do tipo de atividade física (levantar pesos, andar de bicicleta ou correr) e também varia de pessoa para pessoa. Alguém que passe o final de semana em uma espreguiçadeira e a única coisa que faz é levantar duas ou três vezes para conseguir alguma coisa para comer, uma pequeníssima parte da energia consumida é gasta na forma de trabalho contra uma força externa, no caso a força gravitacional ou da porta da geladeira. Entretanto, um atleta bem treinado pode conseguir transformar uma boa parte da energia química ingerida em trabalho externo. Uma eficiência de 20% a 30% de transformação de energia química dos alimentos em energia trabalho mecânico (conseguido a partir da contração de músculos) é possível.
Considere um atleta de 80 kg que passa cerca de 4 horas do dia em atividade “dura”, por exemplo, subindo uma escada a uma taxa de 0,25 m/s (só um bom atleta consegue isso). Nas quatro horas de exercício ele estará dissipando uma potência mecânica de[v]

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O trabalho feito nessas quatro horas é então :Com uma eficiência de 25%, esse atleta deverá gastar cerca de 2.800 kcal. E ele terá que se alimentar para conseguir esse adicional de energia. Por exemplo, ele pode comer 700 g de carboidrato: um belo prato de arroz com feijão, uma macarronada ou uma pizza só para ele.


Refrigerando o corpo


A energia produzida internamente em nosso corpo ou virará energia mecânica externa – empurrar a água de uma piscina, aumentar a energia potencial de tijolos ou de nosso corpo, etc – ou servirá para aquecer-nos. Mas nós não podemos deixar que o corpo se aqueça muito além dos 370C. Para isso, temos que resfriá-lo[vi], pois uma temperatura excessiva prejudica o controle motor, o desempenho de um atleta e pode levar, em casos extremos, à morte.
Se produzimos cerca de 120 W, precisamos eliminar exatamente 120 W para que a temperatura do corpo não se altere. O corpo humano, e dos demais animais, tem algumas formas de refrigeração: irradiação, aquecimento do ar próximo à pele – e esse ar se vai, sendo substituído por outro mais frio – e evaporação de água. (O camelo usa ainda um truque muito especial antes de começar a evaporar água – tão preciosa em seu habitat.) Note que mesmo em dias ou regiões frias precisamos eliminar os 120 W: as roupas grossas são necessárias para que eliminemos apenas esses 120 W, não mais, o que faria com que a temperatura do corpo ficasse demasiadamente baixa. Se estamos em atividade física, a potência dissipada é maior e, portanto, a necessidade de refrigeração também é maior.
Por irradiação e sem roupa nenhuma, perdemos cerca de 10 W para cada °C de diferença de temperatura entre nossa pele e o ambiente. Por aquecimento do ar e sob um vento de aproximadamente 1 m/s, perdemos mais 10 W, também para cada grau de temperatura de diferença entre a pele e o ar. Por evaporação – do suor ou da água no sistema respiratório de alguns animais, como de um cachorro ofegante – perde-se 540 cal (um pouco mais do que 2000 j) para cada grama de água evaporada.
Por exemplo, com a pele a cerca de 34°C você se sentirá confortável em uma noite na praia, com pouco roupa e com uma brisa de 1 m/s, se a temperatura do ar for de aproximadamente 28°C; acima disso, você sentirá calor e abaixo disso, frio. Entretanto, vestido e em um ambiente fechado, sentimos calor a 28°C e, provavelmente, começaremos a suar, pois os mecanismos de irradiação e de aquecimento do ar próximo à pele não são suficientes para eliminar os 120 W que produzimos.
Ao nadar, a perda de energia pelo corpo é da ordem de 50 W para cada grau celsius de diferença entre a nossa pele e a água, desde que esta esteja abaixo de 30°C. Considere então um atleta que nade em uma piscina a 20°C. Como a temperatura da pele pode cair a cerca de 30°C quando estamos na água[1], esse atleta perderá cerca de 500 W. Essa energia perdida servirá para resfriar o corpo, pois ao nadar produzimos uma grande quantidade de energia que, se não eliminada, esquentaria o corpo.



[1] Para evitar uma perda excessiva de energia quando estamos na água fria, a circulação sanguínea superficial é reduzida para esfriar a pele. Assim, a temperatura da pele pode cair a cerca de 300C na água fria.
[i] Um milhar de unidades é abreviado por um “k” antes da unidade principal, assim, 1 km são mil metros, 1 kj são mil joules, 1 kcal são mil calorias, etc.
[ii] Uma caloria equivale a 4,18 j (jaules), que é a unidade de energia no sistema internacional de unidades, SI. Outras unidades de energia são o kW.h, usado para medir o consumo de energia elétrica, o erg, unidade do sistema c.g.s. (centímetro, grama, segundo; 1 erg=10-7j). Outras unidades de energia também usadas são o eV (a energia ganha ou perdida por uma carga igual à de um elétron ao sofrer uma diferença de potencial de e o ft.lb. 1V), o Btu
[iii] Potência é energia dividida pelo tempo em que esta é gasta.
[iv] Lembre que 1 cal é a quantidade de energia necessária para aquecer um grama de água de 14,50C a 15,50C.
[v] Potência é a taxa com que realizamos trabalho, ou seja, trabalho por unidade de tempo. Mais diretamente, pode ser calculada pelo produto da força pela velocidade. Assim, o atleta em questão faz uma força de mg, onde m é sua massa e g a aceleração da gravidade, a uma velocidade vertical de 0,25m/.
[vi] . Note que a produção de energia em nosso corpo não é nada mal: cerca de 1,5 W por kg. Compare-se com o Sol: ele, o Sol, produz cerca de 4×1026 W, bem mais do que qualquer um de nos! Mas a massa do Sol é de 2×1030 kg, o que resulta em uma produção de apenas 0,0002 W/kg, bem menos do que qualquer um de nós!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

BIOMECÂNICA

INTRODUÇÃO

A mecânica é uma área da física e da engenharia, que lida com a análise das forças que agem sobre um objeto. Seja para a manutenção deste ou de uma estrutura em um ponto fixo, como a descrição e a causa do movimento do mesmo.
Assim, a Cinesiologia deve ser capaz de aplicar leis e princípios básicos de mecânica a fim de avaliar as atividades humanas. Essa aplicação da mecânica cai nos domínios da Biomecânica que pode ser definida como aplicação da mecânica aos organismos vivos, tecidos biológicos, aos corpos humanos e animais.
A postura do corpo é resultante de inúmeras forças musculares que atuam equilibrando forças impostas sobre o corpo, e todos os movimentos do corpo são causados por forças que agem dentro e sobre o corpo.
Em nossas atividades diárias, no trabalho, no esporte, temos que lidar com forças e os profissionais que trabalham com lesões músculo-esqueléticas precisam compreender como as forças afetam as estruturas do corpo e como estas forças controlam o movimento.
A biomecânica é a base da função músculo-esquelética. Os músculos produzem forças que agem através do sistema de alavancas ósseas. O sistema ósseo ou move-se ou age estaticamente contra uma resistência. O arranjo de fibras de cada músculo determina a quantidade de força que o músculo pode produzir e o comprimento no qual os músculos podem se contrair. Dentro do corpo, os músculos são as principais estruturas controladoras da postura e do movimento. Contudo, ligamentos, cartilagens e outros tecidos moles também ajudam no controle articular ou são afetados pela posição ou movimento.

1. CENTRO DE GRAVIDADE

A Gravidade é uma força externa que age sobre um objeto sobre a terra, e para equilibrar essa força, uma segunda força externa precisa ser induzida - ou seja, todo o corpo recebe a ação de uma força, reage à mesma com uma força igual e oposta.
O conceito de Centro de Gravidade é proveitoso ao descrever e analisar mecanicamente o movimento do corpo humano e outros objetos, sabendo exatamente como a força da gravidade atua nesses corpos.
O Centro de Gravidade é o ponto dentro de um objeto onde se pode considerar que toda a massa, ou seja, o material que constitui o objeto, esteja concentrada. A gravidade puxa para baixo todo ponto de massa que constitui este objeto ou o corpo. No entanto, a determinação do Centro de Gravidade do corpo humano é muito difícil, pois este não apresenta densidade uniforme, não é rígido e não é simétrico enquanto um objeto com todas estas características o Centro de Gravidade em cada ponto é igual.
Existem cálculos matemáticos que analisam parte a parte o centro de gravidade de um corpo não uniforme, de forma a adquirir um resultado médio do centro de gravidade do mesmo.

2. LINHA GRAVITACIONAL

A localização do Centro de Gravidade do corpo como um todo varia, dependendo da posição do corpo. Numa pessoa ereta, pode-se situá-lo de forma aproximada sobre uma linha, formada pela interseção de um plano que corta o corpo em duas metades, uma direita e uma esquerda, e um plano que corta o corpo em metade anterior e posterior. A posição do ponto do Centro de Gravidade ao longo desta linha imaginária, pode-se considerar que a gravidade atua sobre esse único ponto de Centro de Gravidade, puxando diretamente para baixo em direção ao centro da terra. Essa linha ou direção de tração é a linha de gravidade.



3. BASE DE SUSTENTAÇÃO

A base de sustentação, ou a base de apoio para o corpo é a área formada abaixo do corpo pela conexão com a linha continua de todos os pontos em contato com o solo. Na posição ereta, por exemplo, a base de apoio é aproximadamente um retângulo, formado por linhas retas através dos dedos, formado por linhas retas através dos dedos e calcanhares e ao longo dos dedos de cada pé. Quando um corpo está numa posição fixa com a linha de gravidade passando através da base de apoio, diz-se que ele está compensado, estável ou em equilíbrio estático. Se a linha de gravidade passar fora da base de apoio, o equilíbrio e a estabilidade são perdidos e os membros apoiadores devem mover-se para evitar uma queda. Essa situação ocorre continuamente, quando andamos, corremos e mudamos de direção.

4. FORCAS QUE ATUAM NO MOVIMENTO

A Ciência mecânica diz que uma força pode ser definida simplesmente como um empurrão ou tração. Por definição a força é uma entidade que tende a produzir movimento. Às vezes, o movimento não ocorre ou o objeto se acha em equilíbrio. O ramo da mecânica que lida com este fenômeno é a estática; caso haja o movimento, é chamado dinâmica.
A força é definida por quatro características básicas:
- magnitude de força;
- direção;
- sentido; e
- quantidade de tração.
As forças mais comuns envolvidas com a biomecânica são: a força muscular, gravitacional, inércia, de flutuação e força de contato. A força produzida por músculos depende de vários fatores. Dois desses fatores incluem velocidade de contração do músculo e comprimento do músculo. O peso de um objeto é resultado da força gravitacional.
O conceito de inércia mantém que um corpo permanece em repouso ou em movimento uniforme até receber a ação de uma força externa.
A força de flutuação tende a resistir à força da gravidade. Na água a magnitude dessa força equivale ao peso de água que o objeto desloca. A força de contato existe toda vez que dois objetos se acharem em contato um com o outro. Esse tipo de força pode ser uma força de reação ou uma força de impacto. A força pode ser ainda subdividida em uma força normal perpendicular às superfícies de contato e uma força de fricção ou atrito que é paralela à superfície de contato.

5. PLANOS E EIXOS

Planos de ação são linhas fixas de referencia ao longo das quais o corpo se divide. Há 3 planos e cada um está em ângulo reto ou perpendicular com dois planos.
O plano frontal passa através do corpo de lado a lado, dividindo-o em frente e costa. É também chamado plano coronal. Os movimentos que ocorrem neste plano são abdução e adução.
O plano sagital passa através do corpo da frente para trás e o divide em direita e esquerda. Pode-se pensar nele como uma parede vertical cuja extremidade se move. Os movimentos que ocorrem neste plano são flexão e extensão.
O plano transverso passa horizontalmente pelo corpo e o divide em parte superior e inferior. É também chamado plano horizontal. Neste plano, ocorre a rotação.
Sempre que um plano passa pela linha média de uma parte, esteja ela no plano sagital, frontal ou transverso, está se referindo ao plano cardinal, porque divide o corpo em partes iguais. O pondo onde os três planos cardinais se encontram é o centro de gravidade. No corpo humano este ponto é, na linha média, mais ou menos ao nível da segunda vértebra sacra, ligeiramente anterior a ela.
Os eixos são pontos que atravessam o centro de uma articulação em tomo da qual uma parte gira. O eixo sagital é um ponto que percorre a articulação de frente para trás. O eixo frontal vai de lado a lado e o eixo vertical, também chamado longitudinal, vai da parte superior à inferior.
O movimento articular ocorre em torno de um eixo que está sempre perpendicular a um plano. Outro modo de se descrever este movimento articular, é que ele ocorre sempre no mesmo plano e em tomo do mesmo eixo. Por exemplo, flexão/extensão ocorrerá sempre no plano sagital em tomo do eixo frontal e a adução em tomo do eixo sagital. Movimentos semelhantes como o desvio radial e ulnar do punho também ocorrerão no plano frontal em tomo do eixo sagital.

6. TIPOS DE MOVIMENTO

Movimento linear, também chamado movimento translatório, ocorre mais ou menos em uma linha reta, de um lugar para outro. Todas as partes do objeto percorrem a mesma distancia, na mesma direção e ao mesmo tempo. Se este movimento ocorrer em linha reta é chamado movimento retilíneo. Se este movimento ocorre numa linha reta mas em uma forma curva, é chamado curvilíneo.
O movimento de um objeto em tomo de um ponto fixo é chamado movimento angular, também conhecido como movimento rotatório. Todas as partes do objeto movem-se num mesmo ângulo, na mesma direção, ao mesmo tempo. Elas não percorrem a mesma distância.
Falando de um modo geral, a maioria dos movimentos do corpo é angular, enquanto os movimentos feitos fora da superfície corporal tendem a ser lineares. Exceções podem ser encontradas. Por exemplo, o movimento da escápula em elevação/depressão e pronação/retração é essencialmente linear. Todavia, o movimento da clavícula, que é fixada à escápula, é angular e realizado através da articulação extraclavicular.

7. MOVIMENTOS ARTICULARES

As articulações movem-se em direções diferentes. O movimento ocorre em tomo de um eixo e de um plano. Os termos a seguir são usados para descrever os vários movimentos que ocorrem numa articulação sinovial. A articulação sinovial é uma articulação móvel livre, onde a maioria dos movimentos articulares ocorrem.
- Flexão: é o movimento de dobra de um osso sobre o outro causando uma diminuição do ângulo da articulação.
- Extensão: é o movimento que ocorre inversamente à flexão. É o endireitamento de um osso sobre o outro, causando aumento do ângulo de articulação. O movimento, geralmente, traz uma parte do corpo à sua posição anatômica após esta ser flexionada. A hiperextensão é a continuação da extensão, além da posição anatômica.
- Abdução: é o movimento para longe da linha média do corpo e adução é o movimento de aproximação da linha média do corpo. As exceções a esta definição de linha média são os dedos e os artelhos, onde o ponto de referência para os dedos é o dedo médio. O movimento para longe do dedo médio abduz, mas aduz somente como um movimento de volta da adução. O ponto de referência dos artelhos é o segundo artelho. Semelhante ao dedo médio, o segundo artelho abduz da direita para a esquerda, mas não abduz a não ser como movimento de volta da adução.
- Circundução: é a combinação de todos esses movimentos numa seqüência em que a parte da extremidade faz um grande círculo no ar, enquanto as partes próximas à extremidade proximal fazem um círculo pequeno.
- Rotação: é o movimento de um osso ou parte dele em torno de seu eixo longitudinal. Se a superfície anterior se move em direção à linha média, é chamado medial ou rotação interna. Se a superfície anterior se movimenta para longe da linha média, este movimento é chamado rotação lateral ou externa. Alguns termos são usados para descrever movimentos específicos de certas articulações, como:
- Pronação: é o movimento ao longo de um plano paralelo ao solo e para longe da linha média e retração é o movimento no mesmo plano em direção à linha média. Ainda existem alguns termos como desvio ulnar e radial, para se referir à adução e abdução do punho.
- Inclinação lateral: quando se refere ao tronco que se move para a direita ou para a esquerda.

8. TIPOS DE CONTRAÇÕES MUSCULARES

Há três tipos básicos de contrações musculares:
- Isométrica;
- Isotônica concêntrica; e
- Isotônica excêntrica.
Uma contração isométrica ocorre quando o músculo se contrai, produzindo força sem mudar o seu comprimento. O músculo se contrai mas nenhum movimento ocorre. O ângulo da articulação muda.
Uma contração isotônica pode ser dividida em concêntrica e excêntrica. Uma contração concêntrica ocorre quando há movimento articular, o músculo diminui e as fixações musculares se movem em direção uma da outra.
Uma contração excêntrica ocorre quando há movimento articular, mas o músculo parece alongar, quer dizer, as extremidades se distanciam.

8.1. CONTRAÇÕES CONCÊNTRICAS

1- Fixações musculares se movem juntas, em direção uma da outra.
2- O movimento se faz contra a gravidade.
3- Se o movimento acontece com gravidade, o músculo está usando uma força maior do que a força da gravidade.

8.2. CONTRAÇÕES EXCÊNTRICAS

1- As fixações musculares se movem para longe uma da outra.
2- 0 movimento ocorre com gravidade.

9. SISTEMA DE ALAVANCAS

Uma alavanca é uma barra rígida que gira em torno de um ponto fixo quando uma força é aplicada para vencer a resistência.
Uma quantidade maior de força ou um braço de alavanca mais longo aumentam o movimento de força.
Há três classes de alavancas, cada uma com uma função e uma vantagem mecânica diferente.
Diferentes tipos de alavancas também podem ser encontradas no corpo humano. No corpo humano, a força que faz com que a alavanca se mova, na maioria das vezes e muscular. A resistência que deve ser vencida para que o movimento ocorra, inclui o peso da parte a ser movida, gravidade ou peso externo. A disposição do eixo em relação à força e a resistência vão determinar o topo de alavanca.

9.1. CLASSE DAS ALAVANCAS



9.1.1. Alavanca de Primeira Classe (interfixa)
O eixo (E) está localizado entre a força (F) e a resistência ( R).

9.1.2. Alavanca de Segunda Classe (inter-resitente)
O eixo (E) em uma das extremidades, a resistência ( R) no meio e a força (F) na outra extremidade.

9.1.3. Alavanca de Terceira Classe (inter-potente)
Tem o eixo numa das extremidades, a força no meio, a resistência na extremidade oposta.

A alavanca de 3ª classe é a mais comum das alavancas do corpo. Sua vantagem é a extensão do movimento.

10. TORQUE

Se for exercida uma força sobre um corpo que possa girar em torno de um ponto central, diz-se que a força gera um torque. Como o corpo humano se move por uma série de rotações de seus segmentos, a quantidade de torque que um músculo desenvolve é uma medida muito proveitosa de seu efeito.
Para empregar o valioso conceito de torque, devem-se compreender os fatores relacionados à sua magnitude e as técnicas para seu cálculo. A magnitude de um torque está claramente relacionada à magnitude da força que o está gerando, mas um fator adicional é a direção da força em relação à posição do ponto central. A distância perpendicular do pivô à linha de ação da força é conhecida como braço de alavanca da força. Um método para calcular o torque é multiplicar a força (F) que gerou pelo braço de alavanca (d).

T = F x d

11. TRABALHO E ENERGIA

Quando a força de um objeto está relacionada com a localização do objeto, os princípios de trabalho e energia se tornam importantes. Em mecânica, o trabalho refere-se ao produto de forças exercidas sobre um objeto e o deslocamento do objeto paralelo ao componente de força de resistência do objeto.

Trabalho (W) = Força (F) x Distância (d).

O trabalho é realizado na medida em que a força vence uma resistência e move o objeto em uma direção paralela ao componente de força de resistência.
Energia é a capacidade de fazer trabalho. Existem muitas formas de energia, dentre elas a energia mecânica e o calor. O calor é geralmente considerado subproduto de outras formas de energia ou resulta quando uma forma de energia se transforma em outra. Um aumento de calor ocorre quando moléculas de área aquecida aumentam sua quantidade de movimento.
A energia mecânica pode ser dividida em dois tipos: energia potencial e cinética. A energia potencial é a energia armazenada. Possui o potencial para ser liberada e tornar-se energia cinética, que é a energia de movimento.

12. EXEMPLO DE UMA ALAVANCA HUMANA:


12.1. A Articulação do Quadril

A articulação do quadril é uma articulação esferóide. É formada pelo encaixamento da cabeça do fêmur no acetábulo do osso do quadril.

12.1.1. Movimentos articulares

A despeito da estabilidade inerente proporcionada à articulação por sua arquitetura e sustentação ligamentosa, a articulação do quadril demonstra um alto grau de mobilidade. Os movimentos permitidos pelo quadril, descritos com referência ao fêmur, incluem a flexão e extensão no plano sagital, abdução e adução no plano frontal e rotação medial e lateral no plano transversal.
O posicionamento do corpo do fêmur, por meio do colo femural, a uma certa distância da pelve óssea, ajuda a prevenir restrições à amplitude movimento de articulação do quadril que poderiam resultar de colisão. O ângulo colo-corpo permite que o corpo do fêmur se posicione mais lateralmente em relação à pelve. No plano frontal, com referencia ao eixo longitudinal do fêmur, o ângulo colo-corpo normal é de aproximadamente 125º. A deformidade na qual o ângulo é maior, denominada coxa vara, e a deformidade na qual o ângulo é menor, denominada coxa valga, causam alterações na transmissão de forças para o fêmur e a partir dele.
Um segundo ângulo, o de anteversão, é o ângulo no qual o colo se projeta do fêmur na direção ântero-posterior. Embora haja uma grande variação entre indivíduos, o valor normal é cerca de 12º a 14º. A articulação do quadril pode mover-se independentemente do cíngulo do membro inferior, mas pode ser complementada por inclinações da pelve. A diferença do sistema aberto do cíngulo do ombro, o sistema fechado do cíngulo pélvico impossibilita movimentos no lado direito independentes do esquerdo. Na posição ereta, as aberturas superior e inferior da pelve formam ângulos com o plano horizontal, de aproximadamente 50º-60º e 15º, respectivamente.
Este ângulo denomina-se inclinação da pelve. As inclinações da pelve são rotações medidas com referência à inclinação pélvica e classificadas em relação às articulações dos quadris e lombossacral. A articulação do quadril demonstra sua maior amplitude de movimento no plano sagital, no qual se observa que a flexão pode chegar a 140º e a extensão a 15º. A abdução também pode atingir 30º e a adução um pouco menos que isto, 25º. A adução deve ser acompanhada de alguma flexão. O grau de flexão do quadril afeta a magnitude da rotação medial e lateral. Numa posição estendida, na qual os efeitos limitadores dos tecidos ligamentosos se manifestam, as amplitudes de rotação medial e lateral se reduzem para 70º e 90º, respectivamente.


domingo, 18 de outubro de 2009

A PRESSÃO NO CORPO HUMANO


No corpo humano a pressão do sangue se deve a contribuição da pressão estática, da pressão dinâmica e da pressão mecânica. Em virtude do próprio peso do sangue as artérias e veias estão sob a pressão estática, que dependerá da altura da coluna de sangue em relação ao pé. A contribuição da pressão dinâmica é em virtude das diversas velocidades do sangue no corpo. O efeito da pressão mecânica é em virtude do coração, que ao bombear o sangue para o corpo está lhe exercendo uma certa pressão. No percurso do sangue haverá variações de pressão sangüínea pelo corpo, muito em virtude dos efeitos da viscosidade. Um outro fato interessante é que a pressão do arterial (sangue rico em oxigênio) é maior que a do sangue venoso (sangue rico em gás carbônico). Isto se dever ao fato do sangue arterial ter o auxílio do coração para ser bombeado para o resto do corpo, o que não ocorre com o sangue venoso.
PRESSÃO PERIFÉRICA TOTAL
A queda de pressão no circuito sistêmico (referente ao circuito formado pelas artérias) é de :


em virtude da resistência oferecida pelos tubos que conduzem o sangue pelo lado esquerdo do corpo. A esta resistência chama-se de resistência periférica total (RPT). Podemos determiná-la calculando a razão entre a diferença de pressão arterial-venosa


e o fluxo médio de sangue no corpo. O fluxo médio é chamado de volume minuto (VM) que varia de 5,0 a 6,0 litros/minuto num adulto, que depende de vários fatores. Se adotarmos um volume minuto de 5,0 l /min, então teremos:

.(1.19)


A maior contribuição da resistência periférica total é devido as arteríolas e aos capilares. Isto porque com o pequeno diâmetro dos capilares e arteríolas a resistência acaba ficando muito grande, também existe o efeito da viscosidade que é acentuado pela pequena área destes tubos.
PRESSÃO ARTÉRIO - VENOSA
A Figura 1.11, mostra uma representação esquemática de um sistema circulatório com o coração parado, isto é, não há fluxo sanguíneo. Isto se deve ao fato de não haver diferença de pressão venosa e arterial que se encontram a um valor comum de pressão chamado de pressão média de enchimento, que é igual a 7 torr. Na Figura 1.12, temos o coração em funcionamento que para manter o fluxo sanguíneo e vencer a resistência R, produz uma diferença de pressão artério-venosa. Esta diferença é conseguida com um aumento de pressão arterial e diminuição da venosa. Isto é feito com as artérias se distendendo, fazendo com que o lado arterial acumule sangue e haja no venoso uma diminuição. Assim, um aumento de fluxo sanguíneo resulta num aumento de pressão arterial e diminuição da pressão venosa e vice-versa.


EFEITOS DA GRAVIDADE NA PRESSÃO SANGUÍNEA
A Fig. 1.13, mostra um modelo de corpo humano com valores de pressão em diversos pontos. O coração é representado pela bomba H; AB é o setor arterial inferior ao coração; AE é o setor arterial superior; CD e DF são os setores venosos inferior e superior, respectivamente; R1 e R2 são as resistências periféricas inferior e superior, respectivamente. No início da aorta a pressão oscila em torno de 100 torr, caindo em 35 torr ao longo do setor AB em virtude da viscosidade. Deste modo, ao chegar as arteriolas a pressão está em torno de 65 torr, que também é o valor na cabeça, no ponto E. Em virtude da resistência R1 há uma queda de pressão de 55 torr, fazendo com que a pressão nas vênulas fique em torno de 10 torr, ponto C. A pressão que chega ao final da veia cava é de 20 torr. Pela Figura 1.14(a), temos o modelo para uma pressão em pé, no qual a pressão em A é a mesma, pois só depende da bomba H, o coração. Para os demais pontos, com exceção do ponto E, as quedas de pressão são as mesmas, devendo-se levar em conta as alturas da coluna de sangue. Como a altura de AB é de 1,2 m (do coração as arteríolas dos pés) e a densidade do sangue é de 1060 kg/m3, então a pressão é:

.(1.20)

Assim, a pressão em B é:

.(1.21)

A pressão em C fica igual a:
.(1.22)

Se substituirmos as pressões PB e PC encontramos uma queda, devido a R1, de 55 torr como anteriormente. Na parte superior, tanto pelo setor venoso quanto pelo setor arterial temos uma queda de 20 torr. Assim, a pressão em E fica em torno de:

.(1.23)


A pressão superior em F fica em torno de:
.(1.24)

Como era de esperar, em virtude de R2, há uma queda de pressão entre PE e PF de 55 torr. A pressão em F é negativa fazendo com que as veias fiquem colapsadas por pequenos intervalos de tempo, o que produz uma circulação de retorno intermitente.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Eletrocardiograma

O eletrocardiograma é um exame de saúde na área de cardiologia onde é feito o registro da variação dos potenciais elétricos gerados pela atividade elétrica do coração.
O exame é habitualmente efectuado por técnicos de cardiopneumologia, médicos e fisioterapeutas.


Bases teóricas

O coração apresenta atividade elétrica por variação na quantidade relativa de íons de sodio presentes dentro e fora das células do miocárdio. Esta variação cíclica gera diferença de concentração dos referidos íons na periferia do corpo. Eletrodos sensíveis colocados em pontos específicos do corpo registram esta diferença elétrica.


Aparelhagem

O aparelho que registra o eletrocardiograma é o eletrocardiógrafo.

Indicação

O exame é indicado como parte da análise de doenças cardíacas, em especial as arritmias cardíacas.Também muito util no diagnóstico de infarto sendo exame de escolha nas emergências juntamente com a dosagem das enzimas cardíacas.

Princípios fisiológicos

O aparelho registra as alterações de potencial elétrico entre dois pontos do corpo. Estes potenciais são gerados a partir da despolarização e repolarização das células cardíacas. Normalmente, a atividade elétrica cardíaca se inicia no nodo sinusal (células auto-rítmicas) que induz a despolarização dos átrios e dos ventrículos. Esse registro mostra a variação do potencial elétrico no tempo, que gera uma imagem linear, em ondas. Estas ondas seguem um padrão rítmico, tendo denominação particular.

Técnica

Com o paciente em decúbito dorsal, palmas viradas para cima, o técnico determina a posição das derivações precordiais (V1 a V6) correctas; em seguida é colocado o gel de condução nos locais pré-determinados, como sendo a zona precordial, e membros, são conectados aos electrodos do electrocardiografo. Às vezes é necessário uma tricotomia (corte dos pelos) em parte do precórdio, principalmente em homens. É então registrado o electrocardiograma de repouso. Os sinais elétricos podem ser vistos com um osciloscópio, mas geralmente são registrados em papel quadriculado. Correntemente existem electrocardiógrafos digitais, com relatório automático. No entanto deve ter-se sempre em conta que esses resultados devem ser analisados pelo cardiologista, pois muitas vezes esses aparelhos têm erros no algoritmo de diagnóstico.

Sociedade Brasileira 100 LIMITE, Diretriz de interpretação de eletrocardiograma de repouso, Arq Bras Cardiol volume 80, (suplemento II), 2003 Versão eletrônica

O olho humano


As principais partes do olho humano são:
A córnea
É a parte da frente do olho, onde vemos o branco do olho e a íris. A córnea normal é transparente e esférica.
O cristalino
É uma lente gelatinosa, elástica e
convergente que focaliza a luz que entra no olho, formando imagens na retina. A distância focal do cristalino é modificada por movimentos de um anel de músculos, os músculos ciliares, permitindo ajustar a visão para objetos próximos ou distantes. Isso se chama de acomodação do olho à distância do objeto.
A convergência correta do cristalino faz com que a imagem de um objeto, formada na retina, fique nítida e bem definida. Se for maior ou menor que a necessária, a imagem fica fora de foco, como se costuma dizer.
A imagem é real e invertida mas isso não tem importância já que todas as imagens também são invertidas e o cérebro se adapta a isso desde o nascimento.
Na figura esquemática a baixo, o cristalino (lente) está inicialmente ajustado para uma dada distância do objeto. Se o objeto se aproxima, a imagem perde a nitidez. Para recuperá-la o cristalino se acomoda, aumentando a convergência, isto é diminuindo a distância focal.













A íris
É aquela parte circular que dá a cor do olho. É opaca mas tem uma abertura central, a PUPILA, por onde entra a luz. O diâmetro da pupila varia automaticamente com a intensidade da luz ambiente: no claro ela é estreita e no escuro se dilata. Seu diâmetro pode passar de 2 mm a 8 mm, aproximadamente.
A retina
É nela que se formam as imagens das coisas que vemos. A retina é composta de células sensíveis à luz, os cones e os bastonetes. Essas células transformam a energia luminosa das imagens em sinais nervosos que são transmitidos ao cérebro pelo nervo ótico.
Normalmente, as imagens dos objetos que olhamos diretamente formam-se na região a retina bem na linha que passa pela pupila e pelo centro do cristalino, isto é, pelo eixo do globo ocular. Essa região, chamada de fóvea, é rica de cones, que são as células mais sensíveis à visão das cores. No resto da retina praticamente só tem bastonetes que são menos sensíveis às cores mas são mais sensíveis à baixa intensidade de luz. Na semi-obscuridade são os bastonetes que se encarregam de nossa visão: por isso se diz que à noite todos os gatos são pardos.
Na posição de onde sai o nervo ótico fica o chamado ponto cego. Nesse ponto não existem cones nem bastonetes e uma imagem que se forme sobre ele não é vista.
Se fizermos o seguinte teste, poderemos comprovar isto. Feche o olho esquerdo e, fixando a cruz com o olho direito, mova a cabeça para frente e para trás até que o círculo preto desapareça. Isso se dá quando a imagem do círculo preto cai sobre o ponto cego.
ALGUNS DEFEITOS DA VISÃO E SUAS CORREÇÕES.

Miopia - Um míope não consegue ver objetos distantes com nitidez porque as imagens desses objetos formam-se antes da retina. Isso acontece por excesso de curvatura no cristalino ou
na córnea, ou nos dois, ou ainda por um excessivo alongamento do globo ocular. Para corrigir a miopia são usadas lentes divergentes que deslocam as imagens um pouco mais para trás.



Hipermetropia - o ponto próximo está mais longe do que nas pessoas com olhos normais devido a uma anomalia do cristalino (insuficiente curvatura).

Astigmatismo - Normalmente, a córnea é uma superfície esférica, com a mesma curvatura em todas as direções. Se, no entanto, ela se achata em alguma direção as imagens na retina ficam desfocadas nessa direção.

ILUSÕES DE ÓPTICA

O termo Ilusão de óptica aplica-se a todas ilusões que "enganam" o sistema visual humano fazendo-nos ver qualquer coisa que não está presente ou fazendo-nos vê-la de um modo erróneo. Nossos olhos são instrumentos maravilhosos mas, de vez em quando, se juntam ao nosso cérebro para nos enganar.




















Fixe os olhos no ponto central e mova a cabeça
para a frente e para trás.


















http://omnis.if.ufrj.br/~coelho/DI/olho.html